quinta-feira, 4 de abril de 2013

Romantismo no Brasil


De acordo com o tema principal, os romances no Brasil podem ser classificados como indianistas, urbanos ou históricos e regionalistas.
No romance indianista, o índio era o foco da literatura, pois era considerado uma autêntica expressão da nacionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência, representava o homem não corrompido pela sociedade, o não capitalista, além de assemelhar-se aos heróis medievais, fortes e éticos. Junto com tudo isso, o indianismo expressava os costumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos romances excelentes documentos históricos.
Os romances urbanos tratam da vida na capital e relatam as particularidades da vida cotidiana da burguesia, cujos membros se identificavam com os personagens. Os romances faziam sempre uma crítica à sociedade através de situações corriqueiras, como o casamento por interesse ou a ascensão social a qualquer preço.
Por fim, o romance regionalista propunha uma construção de texto que valorizasse as diferenças étnicas, linguísticas, sociais e culturais que afastavam o povo brasileiro da Europa, e caracterizava-os como uma nação. Os romances regionalistas criavam um vasto panorama do Brasil, representando a forma de vida e individualidade da população de cada parte do país. A preferência dos autores era por regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico afetar suas condições de vida.
A primeira geração (nacionalista–indianista) era voltada para a natureza, o regresso ao passado histórico e ao medievalismo. Cria um herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação degeração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais autores podemos destacar Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre. Gonçalves de Magalhães foi o introdutor do Romantismo no Brasil. Obras: Suspiros Poéticos e Saudades. Gonçalves Dias foi o mais significativo poeta romântico brasileiro. Obras: Canção do exílioI-Juca-Pirama. Araújo Porto Alegre fundou com os outros dois a Revista Niterói-Brasiliense
Entre as principais características da primeira geração romântica no Brasil estão: o nacionalismo ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo (linguagem), a evasão do tempo e espaço, o egocentrismo, o individualismo, o sofrimento amoroso, a exaltação da liberdade, a expressão de estados de alma, emoções e sentimentalismo.
A segunda geração, também conhecida como Byroniana e Ultrarromantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão.
Entre seus principais autores estão Álvares de AzevedoCasimiro de AbreuFagundes VarelaJunqueira Freire e Pedro de Calasans. Álvares de Azevedo fazia parte da sociedade epicureia destinada a repetir no Brasil a existência boêmia de Byron. Obras: Pálida à Luz, Soneto, Lembranças de Morrer, Noite na Taverna. Casimiro de Abreu escreveu As Primaveras, Poesia e amor, etc. Fagundes Varela, embora byroniano, já tinha em sua poesia algumas características da terceira geração do romantismo. Junqueira Freire, com estilo dividido entre a homossexualidade e a heterossexualidade, demonstrava as idiossincrasias da religião católica do século XIX.
Já as principais características da segunda geração foram o profundo subjetivismo, o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o saudosismo (lamentação) em Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o sentimento de angústia, o sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade.
Por fim há a terceira geração, conhecida também como geração Condoreira, simbolizada pelo Condor, uma ave que costuma construir seu ninho em lugares muito altos e tem visão ampla sobre todas as coisas, ou Hugoniana, referente ao escritor francês Victor Hugo, grande pensador do social e influenciador dessa geração.
Os destaques desta geração foram Castro AlvesSousândrade e Tobias Barreto. Castro Alves, denominado "Poeta dos Escravos", o mais expressivo representante dessa geração com obras como Espumas Flutuantes e Navio Negreiro. Sousândrade não foi um poeta muito influente, mas tem uma pequena importância pelo descritivismo de suas obras. Tobias Barreto é famoso pelos seus poemas românticos.
As principais características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados, o abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a realidade social e a negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada e amada.
Essas três gerações citadas acima apenas se aplicam para a poesia romântica, pois a prosa no Brasil não foi marcada por gerações, e sim por estilos de textos - indianista, urbano ou regional - que aconteceram todos simultaneamente.
No país, entretanto, o romantismo perdurará até à década de 1880. Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis, em 1881, ocorre formalmente a passagem para o período realista.

Características e divisões do romantismo


O romantismo seria dividido em 3 gerações:
  • 1ºgeração — As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, o subjetivismo, o sonho de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito de outro. Também destacam-se o nacionalismo, presente da colectânea de textos e documentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de uma nação, fato atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher e a depressão por essa mesma idealização não se materializar, assim como a fuga da realidade e o escapismo. A mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas não era tocada.
  • 2ºgeração — Eventualmente também serão notados o pessimismo e um certo gosto pela morte, religiosidade e naturalismo. A mulher era alcançada mas a felicidade não era atingida.
  • 3ºgeração — Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irónica (vide Eça de Queirós), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que revelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.

Individualismo

Os românticos libertam-se da necessidade de seguir formas reais de intuito humano, abrindo espaço para a manifestação da individualidade, muitas vezes definida por emoções e sentimentos.

Subjetivismo

O romancista trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo com sua opinião sobre o mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de verbos na primeira pessoa. Trata-se sempre de uma opinião parcelada, dada por um individuo que baseia sua perspectiva naquilo que as suas sensações captam. Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais, em fazer delas a temática sempre retomada em sua obra.

Idealização

Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando em algumas de suas características. Dessa forma, a mulher é vista como uma virgem frágil, o índio é visto como herói nacional e a noção de pátria também é idealizada.

Sentimentalismo exacerbado

Praticamente todos os poemas românticos apresentam sentimentalismo já que essa escola literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns a saudade, a tristeza e a desilusão. Os poemas expressam o sentimento do poeta, suas emoções e são como o relato sobre uma vida.
O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E acredita que só sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do indivíduo relatado.
Emoção acima de tudo.

Egocentrismo

Como o nome já diz, é a colocação do ego no centro de tudo. Vários artistas românticos colocam, em seus poemas e textos, os seus sentimentos acima de tudo, destacando-os na obra. Pode-se dizer, talvez, que o egocentrismo é um subjetivismo exagerado.

Natureza interagindo com o eu lírico

A natureza, no Romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico está sentindo no momento narrado. A natureza pode estar presente desde as estações do ano, como formas de passagens, à tempestades, ou dias de muito sol. Diferentemente do Arcadismo, por exemplo, que a natureza é mera paisagem. No Romantismo, a natureza interage com o eu-lírico.A natureza funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito do poeta.

Grotesco e sublime

Há a fusão do belo e do feio, diferentemente do arcadismo que visa a idealização do personagem principal, tornando-o a imagem da perfeição. Como exemplo, temos o conto de A Bela e a Fera, no qual uma jovem idealizada, se apaixona por uma criatura horrenda.

Medievalismo

Alguns românticos se interessavam pela origem de seu povo, de sua língua e de seu próprio país. Na Europa, eles acharam no cavaleiro fiel à pátria um ótimo modo de retratar as culturas de seu país. Esses poemas se passam em eras medievais e retratavam grandes guerras e batalhas.

Indianismo

É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os brasileiros não tinham um cavaleiro para idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone para a origem nacional e o colocam como um herói. O indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade européia.

Byronismo

Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, poeta inglês. Estilo de vida boêmio, voltado para vícios, bebida, fumo , podendo estar representado no personagem ou na própria vida do autor romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo, pelo pessimismo, pela angústia.

Romantismo


Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.
O termo romântico refere-se ao movimento estético ou, em um sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.
O Romantismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças criativas do indivíduo e da imaginação popular. Opõe-se à arte equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiração fugaz dos momentos fortes da vida subjetiva: na fé, no sonho, na paixão, na intuição, na saudade, no sentimento da natureza e na força das lendas nacionais.

Gonçalves Dias



Poeta brasileiro nascido no sítio Boa Vista, perto de Caxias, MA, citado como o verdadeiro criador da literatura brasileira. Filho de um português e de uma mestiça, teve bons preceptores e trabalhou na loja do pai antes de seguir para a Universidade de Coimbra, pela qual se graduou em direito (1844). Retornou ao Maranhão, mas dois anos após (1846) mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se tornou professor de latim e história do Brasil no Colégio Pedro II. Foi um dos fundadores da revista Guanabara e escreveu crônicas, críticas e folhetins literários para jornais como o Correio Mercantil e o Correio da Tarde. Nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros (1852), foi para a Europa (1854) para estudar métodos de instrução pública em diferentes países. De volta ao Brasil (1859), deu início a uma série de viagens pela Amazônia, como chefe da seção de etnografia da Comissão Científica de Exploração, explorando especialmente os rios Negro e Madeira, e regiões da Venezuela e do Peru. Voltou à Europa (1862) e quando estava em Coimbra, compôs um de seus poemas mais conhecidos, que tem a particularidade de não apresentar nenhum adjetivo nos 24 versos que o compõem, a Canção do exílio: "Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá".... Com uma obra repleta de brasilidade e com temas indianistas, mais e mais valorizada com o tempo, em seu modo de ver e defender a natureza, já embutia uma preciosa preocupação ecológica, consolidou o romantismo brasileiro e serviu de modelo para muitos dos poetas seguintes, de Junqueira Freire a Castro Alves. No bojo do que foi editado destacaram-se Primeiros cantos (1847), Leonor de Mendonça (1846), Segundos cantos (1848), as Sextilhas de frei Antão (1848), Boabdil (1850) e Últimos cantos (1850). A editora alemã Brockhaus lançou em Dresden (1857), três obras suas: Os Cantos, Os timbiras e seu Dicionário da língua tupi. Depois (1868-1869) publicou suas obras póstumas, em seis volumes, numa tradução de Schiller Die Braut von Messina. Com a saúde irremediavelmente abalada, embarcou de volta ao Brasil (1864) no porto francês do Havre, no navio Ville de Boulogne. Inditosamente o navio naufragou na costa maranhense, perto de Guimarães, e o grande poeta foi o único a morrer no naufrágio, em 3 de novembro daquele ano.


Senhor da Floresta
Maria Bethânia
Senhor da floresta, um índio guerreiro da raça tupy

Vivia pescando, sentado na margem do rio chuí.
Seus olhos rasgados, no entanto,
Fitavam ao longe uma taba
Na qual habitava a filha formosa de um morubichaba.
Um dia encontraram senhor da floresta no rio chuí

Crivado de flechas, de longe atiradas por outro tupy
E a filha formosa do morubichaba
Quando anoiteceu, correu,
Subindo a montanha, no fundo do abismo desapareceu.
Naquele momento, alguém viu no espaço, à luz do luar

Senhor da floresta de braços abertos, risonho a falar:
- ó virgem guerreira, ó virgem mais pura que a luz da manhã,
Iremos agora unir nossas almas aos pés de tupã.

Nossa terra



Sobre esse país enorme
tem muito do que falar
muitas praias tropicais
e mulatas pra apaixonar

O verde da nossa bandeira
simboliza a nossa flora
linda e variada
que infelizmente está indo embora
Nossa floresta amazônica
e reconhecida pelo mundo
suas plantas e animais
seu verde profundo

Nosso povo, lutador
é exemplo de superação
nossa gente sofrida
e que compõe nossa nação

O azul da nossa bandeira
simboliza as nossas águas
nossos rios cheios de peixes
de corais e de algas

E pra terminar esse poema
sobre esse país viril
quero dizer que amo
essa terra chamada Brasil.


Autoria :  Matheus Bradão, Pedro Otávio, João Victor Dias

OLHOS VERDES




SÃO uns olhos verdes, verdes, 
Uns olhos de verde-mar, 
Quando o tempo vai bonança; 
Uns olhos cor de esperança. 
Uns olhos por que morri;
Que ai de mi! 
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Como duas esmeraldas, 
Iguais na forma e na cor, 
Tem luz mais branda e mais forte, 
Diz uma – vida, outra – morte; 
Uma – loucura, outra – amor.
Mas ai de mi! 
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

São verdes da cor do prado, 
Exprimem qualquer paixão, 
Tão facilmente se inflamam, 
Tão meigamente derramam 
Fogo e luz do coração;
Mas ai de mi! 
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

São uns olhos verdes, verdes, 
Que podem também brilhar;
Não são de um verde embaçado, 
Mas verdes da cor do prado, 
Mas verdes da cor do mar.
Mas ai de mi! 
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Como se lê num espelho, 
Pude ler nos olhos seus! 
Os olhos mostram a alma, 
Que as ondas postas em calma 
Também refletem os céus;
Mas ai de mi! 
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Dizei vós, ó meus amigos, 
Se vos perguntam por mi, 
Que eu vivo só da lembrança 
De uns olhos cor de esperança. 
De uns olhos verdes que vi!
Que ai de mi! 
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Dizei vós: Triste do bardo! 
Deixou-se de amor finar! 
Viu uns olhos verdes, verdes, 
Uns olhos da cor do mar: 
Eram verdes sem esp’rança, 
Davam amor sem amar! 
Dizei-o vós, meus amigos,
Que ai de mi! 
Não pertenço mais a vida
Depois que os vi!